Memória

Todo idoso tem problema de memória? Toda alteração de memória é Alzheimer?

Todo idoso tem problema de memória?

O assunto memória desperta o interesse de todos que estão envelhecendo ou acompanham algum familiar nessas condições. Apesar de sabermos que algumas alterações no funcionamento da memória ocorrem normalmente com o passar dos anos, não podemos creditar ao envelhecimento por si só todo tipo de prejuízo que as pessoas podem apresentar. Geralmente, essas alterações causadas apenas pelo envelhecimento não são tão significativas e não costumam trazer impacto ao dia a dia das pessoas.

Toda alteração de memória é Alzheimer?

Apesar de cada vez mais nos depararmos com casos de Alzheimer, é preciso ficar claro que outras alterações também podem prejudicar o funcionamento adequado da memória, como: alterações hormonais, déficit de vitaminas, algumas doenças infecciosas, neurológicas e psiquiátricas, além do uso de alguns medicamentos. Como vários fatores podem estar relacionados com a piora do desempenho da memória, uma abordagem diagnóstica adequada pode afastar os principais diagnósticos diferenciais que fazem parte desse quadro. 

Sinais iniciais da doença de Alzheimer

O que mais atrapalha o diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer é acreditar que a perda de memória é inerente ao envelhecimento. Esse é um dos mitos associados ao processo de envelhecer que precisa ser combatido através da educação em saúde. Não é normal a piora da memória interferir nas atividades comuns do dia-a-dia. A perda de memória para eventos recentes é um dos primeiros sinais da Doença de Alzheimer. Não é raro perguntarmos sobre a memória ao idoso com um quadro inicial dessa doença ou a seus familiares e eles afirmarem que a memória está ótima, afinal ele se lembra de várias coisas do passado que ninguém mais recorda, sabe todos os aniversários... É importante entender que, nesta doença, a perda de memória acontece do mais imediato e recente, evoluindo aos poucos para recordações mais antigas. Assim, ele pode se lembrar de um número de telefone que memorizou há 10 anos, mas perguntar sobre algo várias vezes seguidas por não se lembrar de ter perguntado ou de ter recebido uma resposta.

Assim como a memória, outras capacidades também vão sendo comprometidas com a evolução da doença. A linguagem é uma delas. Em algumas situações, pessoas acometidas por Alzheimer têm dificuldade de manter um diálogo, encontrar palavras ou nomear objetos. Outro sinal comum é a desorientação. Inicialmente, há uma recorrente desorientação em relação ao tempo. Confundir qual dia da semana ou o mês que estamos e se levantar no meio da noite e não perceber que ainda não amanheceu são situações encontradas frequentemente. A desorientação em relação ao espaço também é comum. Perder-se mesmo em um trajeto que era utilizado com certa frequência e estranhar a própria casa podem ser sinais dessa doença que, invariavelmente, causam muita angústia ao idoso.
Há muito benefício em diagnosticar precocemente a Doença de Alzheimer. Apesar de ainda não ter cura, há medicamentos que lentificam o progresso da doença e uma série de medidas simples que auxiliam no cotidiano e melhoram a qualidade de vida desses idosos e de suas famílias. Não minimize esses sinais, não os encare como fatos isolados ou circunstâncias comuns ao envelhecimento. 

Geriatria Santos © Dr Cláudio R R Freitas - Geriatra • CRM 103963